Considerado o segundo maior evento de Maringá e um dos maiores da comunidade japonesa do país, o Festival Nipo-Brasileiro prossegue até este domingo (11), na Acema – Associação Cultural e Esportiva de Maringá com expectativa de receber um público estimado em cerca de 90 mil pessoas nos nove dias de evento.
Além dos 4 pavilhões distintos (Comercial, Artístico, Cultural e Gastronômico), este ano as atividades do 33o Festival Nipo-Brasileiro contam com uma novidade: o Pavilhão Experiências Culturais, onde os visitantes podem participar de workshops e interagir em uma área de games. Um dos destaques do Festival é o Palco Artístico, que conta com apresentações de grupos de taikô, dança, e renomados cantores da Acema e da comunidade nipo-brasileira, além de ser palco do matsuri dance e do Concurso de Cosplay, que este ano está sendo organizado pelo Magic Geek.
Outro ponto alto do Festival Nipo-Brasileiro é a Praça de Alimentação, que conta com a participação das entidades: Wajunkai, Centro Cultural São Francisco Xaiver, Nishi Honganji e Seicho-no-Ie, além da própria Acema.
São Francisco Xavier – Alberto Nishimura, diretor do Centro Cultural São Francisco Xavier, conta que futuramente a entidade pretende construir um centro de espiritualidade voltado para a Paróquia São Francis- co Xavier. “Antes, nosso trabalho era voltado para as pessoas idosas. Era um trabalho voluntário da entidade, mas por conta da pandemia, não tivemos mais como dar prosseguimento”, explica Nishimura, lembrando que eram atendidos mais de cem idosos no local.
“Tivemos que parar porque não tínhamos mais recursos”, conta Nishimura, acrescentando que a entidade participa do Festival Nipo-Brasileiro desde as primeiras edições. “Este ano estamos participando também com este objetivo, de arrecadar fundos para o nosso centro de espiritualidade”, destacou o diretor, afirmando que, além do Festival Nipo-Brasileiro, o Centro Cultural São Francisco Xavier conta ainda com outras fontes de arrecadação como forma de manutenção, como promoções anuais.
Wajunkai – Eduardo Sakae, do Wajunkai, conta que o asilo abriga entre 30 e 35 internos em média. Fundada em Maringá em 1975 por Yomei Sasaki como Associação Paranaense de Amparo às Pessoas Idosas, o Wajunkai tinha como objetivo acolher os imigrantes japoneses e seus descendentes, quando já não podiam mais trabalhar e, longe de suas famílias, estavam desamparados financeiramente e afetivamente. Nos últimos anos, foi regularizada como Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) e para manter o trabalho assistencial a entidade conta com doações, atividades e do Programa Nota Paraná. De acordo com Eduardo Sakae, o gasto médio mensal com cada interno é de R$ 5 mil. “Por isso toda ajuda é bem-vinda”, conta.
Não à toa, o presidente da Acema, Afonso Shiozaki, disse ao jornal Nippon Já que o Festival Nipo-Brasileiro é muito aguardado pelas entidades atendidas. “É um evento que eles esperam porque o Festival é uma importante fonte de receitas paras a entidades. E a Acema não cobra nada por isso”, diz Shiozaki.
Abertura – Também em seu discurso na cerimônia de abertura, no sábado, dia 3, Afonso Shiozaki destacou o caráter filantrópico e social da festa. Ele lembrou que a primeira edição do Festival Nipo-Brasileiro aconteceu em 1989, “ou seja, há 35 anos”. “Começamos com uma estrutura bem modesta, mas graças aos bons trabalhos e dedicações de todos, em especial a credibilidade de todos os nossos gestores, hoje podemos comemorar marcas tão expressivas, mantendo as atividades culturais e sociais e solidificando, ao longo dos anos, à base de esforço e dedicação, os costumes e as tradições milenares do Japão”, disse Shiozaki, que destacou a presença das mais variadas autoridades presentes na abertura, “alguns, vindos de longe, como o cônsul geral do Japão em Curi- tiba, Yasuhiro Mitsui, e a consulesa Naomi Mitsui”.
“Os nossos agradecimentos aos mais de 1.500 voluntários, marcante em nossa sociedade, e neste evento, uma das maiores representações, pois é graças a esse espírito dominante em nossa comunidade que conseguimos a cada ano ampliar e obter crescimento bastante significativo, ganhando espaço e credibilidade. Hoje, com muito orgulho, somos o segundo maior evento da nossa cidade Canção em quantidade de público”, conta, lembrando que o objetivo do Festival é a divulgação e a preservação da cultura nipo-brasileira.
Voluntários – Presidente da Aliança Cultural Brasil-Japão do Paraná, Eduardo Suzuki parabenizou a Acema por realizar “esse evento cultural, artístico e gastronômico japonês, cuja tradição está sendo mantida por nikkeis desta comunidade”.
Segundo ele, a Acema, os expositores e os colaboradores de Maringá “vem realizando anualmente um evento desta grandeza, mantendo a tradição japonesa e ao mesmo tempo comprovando a força da comunidade nipo-brasileira e a união dos que proporcionaram impulsos a este município”.
Valores – “Queremos destacar a grandeza deste evento para toda a comunidade nipo-brasileira de Maringá e região, demonstrando neste evento os aspectos sociais filantrópicos. São eventos de essa amplitude que ajudam a manter viva todas as tradições trazidas por nossos antepassados e repassadas de geração em geração os valores, a ética e as dignidades que os pioneiros trouxeram do Japão”, disse Suzuki, que ressaltou ainda a força do voluntariado, que proporciona “o incomparável calor humano, além de valorizar cada setor deste evento”.
Pela primeira vez no Festival Nipo-Brasileiro, o cônsul Yasuhiro Mitsui disse ao Nippon Já que o Festival Nipo-Brasileiro representa uma oportunidade muito importante para a disseminação da cultura japonesa. “Esta festa em Maringá, bem como em outras regiões, são bem aceitas pela sociedade brasileira, por isso, a presença do governo japonês faz questão de estar presente nestes momentos”, disse o cônsul, que em seu discurso destacou a importância da expressão “obrigado”.
E, na sequência, homenageou, com Diploma de Honra ao Mérito, o CEO da Tasa Eventos, Takao Sato, e o presidente da Associação de Intercâmbio Internacional de Maringá, Shinichi Ueta.
Histórias – Vice-prefeito de Maringá, Edson Scabora explicou que Maringá foi forjada por vários imigrantes. “Todos vieram para esta terra chamada Maringá em busca de novas esperanças, novos sonhos, gran- des sonhos. E foi difícil. Os imigrantes saíram de cidades já prontas e vieram para cá desbravar estas terras maravilhosas do norte do Paraná. Mas para os japoneses foi muito mais difícil, a cultura era muito diferente, a comida era muito diferente, tudo era mais difícil e também sofreram, lá no começo, muitos preconceitos”, disse.
Segundo o vice-prefeito, “hoje, graças a Deus, isso já passou”. “Somos um só povo, irmanados nas mesmas esperanças e nos mesmos sonhos. E é isso que celebra a 33a edição do Festival Nipo-Brasileiro e é isso que a gente não pode esquecer, nós devemos sempre lembrar das nossas histórias, dos povos que nos colonizaram aqui, enfim, isso que é importante a gente sempre manter na nossa mente”, explicou Edson Scabora, acrescentando que “o povo japonês ajudou a construir a melhor cidade do Brasil”.
Essencial – Representando o governador Carlos Roberto Massa Júnior, o Ratinho Júnior, o secretário de Indústria, Comércio e Serviços do Estado do Paraná, Ricardo Barros, lembrou os primórdios do Festival Nipo-Brasileiro, que teve início durante sua gestão como prefeito de Maringá (1989 a 1992). “O evento foi crescendo, crescendo, crescendo e hoje é o segundo maior evento da cidade porque a Acema e a comunidade japonesa se dedicam, são competentes e construíram esta oportunidade de congraçamento dos descendentes japoneses conosco e nós hoje temos esse evento com muito orgulho, um evento que faz parte do nosso calendário e é essencial para o turismo da nossa cidade”.
Ele destacou ainda que tem muito “apreço pela comunidade japonesa” ao lembrar que, em 1973, o seu pai, Silvio Magalhães Barros, assinou, com Sadao Inaoka, então prefeito de Kakogawa, o convênio de cidades-irmãs Maringá e Kakogawa, “com a bênção do deputado federal Antonio Ueno que foi por muitos anos o deputado representante da colônia japonesa aqui do Paraná”. “Então, nós temos muita ligação afetiva com a comunidade japonesa”, afirmou o secretário, que agradeceu a comunidade pela amizade, pela parceria e “pela oportunidade que vocês nos dão de crescer”.
Serviço – O 33o Festival Nipo-Brasileiro da Acema prossegue nesta quinta, sexta, sábado e domingo nas dependências da Acema (Av. Ka- kogawa, 50).
Informações sobre o Festival Nipo Brasileiro: https://festivalnipobrasileiro.com.br/
Valor do ingresso: Inteira: R$ 10,00 / Meia: R$ 5,00
Fonte: https://nipponja.com.br/